Faleceu António Franco, o homem que sempre me pareceu o paradigma do embaixador. Comprometido com o mundo, sem medo de fazer as suas escolhas. Ao contrário de muitos colegas seus, que sempre preferiram viver entre o silêncio e a ambiguidade.
Sendo embaixador, foi sempre também cidadão, nunca se deixando cair na armadilha do cinismo que conquista facilmente os seus pares.
Ninguém que o tenha conhecido poderá nunca desvalorizar a sua superior cultura, o seu sentido de humor notável, a sua inteligente capacidade de se pôr em causa a si próprio.

Diz-me um amigo comum que antes do seu último internamento, há poucos dias, pediu o seu prato favorito no seu restaurante habitual e se despediu de toda a gente dizendo que poderia não voltar este sábado, ao contrário do que era costume.
Não faltarão as evocações formais, institucionais. Espero que incluindo Presidente, Governo e todos os do costume, que o contributo que deu ao país justifica. Nem poderia ser de outra maneira, atendendo às funções que desempenhou.
Mas nenhuma delas permitirá perceber quanto o homem como nós era parte daquele embaixador.
Para mim, é apenas e só e para sempre uma das pessoas com quem, conhecendo-o, tive o privilégio de aprender a ver o que é ser um ser humano bom.
Daqui envio um abraço aos seus familiares que conheço, a Ana Gomes, o Diogo Franco e a todos os outros que sofrem a sua perda. Perder uma pessoa boa e grande não deixa de ser uma perda, mas é também uma razão para viver com o orgulho de ter sido quem foi. Em particular a Ana e o Diogo conhecem aquela máxima timorense que diz que vivemos enquanto a nossa memória existir em alguém. O António Franco viverá por muitos anos segundo esse critério e mereceria viver por muitos mais ainda.
Bela e justa homenagem a um grande Embaixador que também tive a felicidade de conhecer e admirar! Subscrevo-a na íntegra!
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